O Paraná constitui um marco lingüistíco
e histórico no cenário nacional. É o
único que conjuga estado, capital e o ponto inicial
de colonização em tupi-guarani: Curitiba significa
"muitos pinhões" "ou terra dos pinheirais";
Paraná quer dizer "semelhante ao mar" e Paranaguá,
"mar redondo" ou "Grande Baía".
Existem três etnias indígenas no Paraná:
Kaingang, Guarani e Xetá
Os Kaingang encontravam-se disseminados pelo Rio Grande do
Sul, Santa Catarina, Paraná (Palmas e Guarapuava, sertões
do Tibagi e Ivaí) e em áreas do atual Estado
de São Paulo.
Outrora, além da caça, da pesca e da coleta,
viviam da agricultura, apresentando maior grau de sedentarismo.
Os Kaingang falam a língua do tronco lingüístico
JÊ, representam hoje a terceira etnia indígena
em população no País e habitam nos Estados
do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São
Paulo. Viveram sempre no Centro Sul do Brasil, nunca para
o leste e nem para o oeste, ou seja, sempre no miolo dos estados.
Os Guaranis habitavam a região litorânea no
sul do Brasil, entre Cananéia e o Rio Grande do Sul,
o Estuário do Prata, às margens do Rio Paraná,
parte do território do Paraguai, Argentina, Uruguai
e Bolívia.
Os Guaranis mantêm, ainda hoje, hábitos imemorais.
Falam a língua Tupi e foram atualmente a maior etnia
indígena do Brasil em população. Representavam
uma sociedade de agricultores e habitavam as melhores áreas
do Cone Sul, sendo, por isso, sempre escorraçados de
suas terras. Vivem agora nos Estados do Espírito Santo,
Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná,
Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Também Argentina,
Paraguai e Bolívia.
Subgrupos: M’byá, Kaioá e Avá-xiripá
(Nhandewa).
A linguagem dos Xetás nunca chegou a ser grafada,
escrita ou estudada em sua gramática: praticamente
desapareceu junto com o seu povo.
O Kaingang passou a ser sistematizado a partir dos anos setenta
e o Tupi-guarani na década de oitenta. Só então
os índios do Paraná tiveram os instrumentos
para traduzir suas lendas, histórias e cultura em sua
própria escrita.
O nomadismo foi e é prática comum entre os M’byá.
Além da crença na "Terra sem Males",
lugar de vida eterna, onde tudo cresce e nada morre, situada
sempre a leste, como impulso conhecido de perambulação,
há ainda registros de migrações tribais
relativos à chamada era "pré-colombiana",
ou seja, anterior aos colonizadores. O idioma – traço
de extrema importância para a manutenção
da cultura étnica – é hoje mais marcante
entre os Guaranis.
Existem ainda no Estado do Paraná em torno de uma dezena
de índios remanescentes do povo Xetá. Esta tribo
só ocorria aqui, os únicos genuinamente paranaenses.
Foram encontrados no início dos anos 50, na região
da Serra dos Dourados. Viviam, à época, na idade
da pedra lascada.
Com a colonização cafeeira, a chegada do "homem
branco" e surtos de gripe e sarampo, a tribo foi dizimada
em menos de uma década. Os que sobreviveram foram levados
para outras reservas. Hoje, temos conhecimento que restam
apenas cinco Xetá – quatro homens e uma mulher
aldeados – outros cinco desaldeados, fadados à
extinção enquanto grupo étnico.
Destas etnias, tiramos muitas informações, os
caminhos a percorrer, a extração dos alimentos,
as ervas medicinais, etc. Delas herdamos nomes, que hoje caracterizam
cidades, ruas, rios, pessoas.
Os Kaingang sempre foram muito aguerridos e fugiam do processo
de colonização. Por isso, foram pacificados
depois dos Guaranis. Estes, mais humildes, menos guerreiros,
acabaram por perder todas as suas terras.
No final da década de 70, instalaram-se grandes conflitos
no Paraná pela reconquista de áreas indígenas
suprimidas ou invadidas por não-índios. Nesta
fase, vivia-se um processo de despopulação entre
os índios. Em 1975, existiam em torno de 2.500 indígenas
no Estado. Em 1985, já somavam 5.000.
Hoje, a população indígena paranaense
é de cerca de 9.000 índios. A população
indígena vem crescendo mais do que o dobro dos não-índios.
A reversão do quadro se deve a três causas principais:
extrusão de invasores das terras indígenas;
tratamento sanitário; produção de alimentos
em áreas das reservas anteriormente ocupadas por não-índios.
Além das áreas demarcadas para os Kaingang,
no momento estão sendo recuperadas terras para os Guaranis.
Com relação a estes, observa-se, nas duas últimas
décadas, um movimento de retorno ao litoral, onde se
encontravam, no início da colonização,
com a denominação de "Carijós".
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